quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O peixe-babel


"O peixe-babel", disse O Guia do Mochileiro das Galáxias, baixinho, "é pequeno, amarelo e semelhante a uma sanguessuga, e é provavelmente a criatura mais estranha em todo o Universo. Alimenta-se de energia mental, não daquele que o hospeda, mas das criaturas ao redor dele. Absorve todas as freqüências mentais inconscientes desta energia mental e se alimenta delas, e depois expele na mente de seu hospedeiro uma matriz telepática formada pela combinação das freqüências mentais conscientes com os impulsos nervosos captados dos centros cerebrais responsáveis pela fala do cérebro que os emitiu. Na prática, o efeito disto é o seguinte: se você introduz no ouvido um peixe-babel, você compreende imediatamente tudo o que lhe for dito em qualquer língua. Os padrões sonoros 33 que você ouve decodificam a matriz de energia mental que o seu peixe-babel transmitiu para sua mente. "Ora, seria uma coincidência tão absurdamente improvável que um ser tão estonteantemente útil viesse a surgir por acaso, por meio da evolução das espécies, que alguns pensadores vêem no peixe-babel a prova definitiva da inexistência de Deus. " O raciocínio é mais ou menos o seguinte: 'Recuso-me a provar que eu existo', diz Deus, 'pois a prova nega a fé, e sem fé não sou nada.' "Diz o homem: 'Mas o peixe-babel é uma tremenda bandeira, não é? Ele não poderia ter evoluído por acaso. Ele prova que você existe, e portanto, conforme o que você mesmo disse, você não existe. QED*.' *Do latim quod emt demonstrandum (como queremos demonstrar). (N.T.) " Então Deus diz: 'Ih, não é que eu não tinha pensado nisso?' E imediatamente desaparece, numa nuvenzinha de lógica. "
'Puxa, como foi fácil', diz o homem, e resolve aproveitar e provar que o preto é branco, mas é atropelado ao atravessar fora da faixa de pedestres. "A maioria dos teólogos acha que este argumento é uma asneira, mas foi com base nela que Oolon Colluphid fez uma fortuna, usando-a como tema central de seu best-seller Sai Dessa, Deus.” "Enquanto isso, o pobre peixe-babel, por derrubar os obstáculos à comunicação entre os povos e culturas, foi o maior responsável por guerras sangrentas, em toda a história da criação."

sábado, 12 de setembro de 2009

os vogons

_ Você quer saber sobre os vogons. Então é só digitar "vo-gon", assim. _ Ford
apertou umas teclas. _ Veja. As palavras Frota de Construção Vogon apareceram em letras verdes. Ford apertou um grande botão vermelho embaixo da tela e um texto começou a correr por ela, ao mesmo tempo que uma voz calma e controlada ia lendo o que estava escrito: 30 "Frota de Construção Vogon. Você quer pegar carona com vogons? Pode desistir. Trata-se de uma das raças mais desagradáveis da Galáxia. Não chegam a ser malévolos, mas são mal-humorados, burocráticos, intrometidos e insensíveis. Seriam incapazes de levantar um dedo para salvarem suas próprias avós da Terrível Besta Voraz de Traal sem antes receberem ordens expressas através de um formulário em três vias, enviá-lo, devolvê-lo, pedi-lo de volta, perdê-lo, encontrá-lo de novo, abrir um inquérito a respeito, perdê-lo de novo e finalmente deixá-lo três meses sob um monte de turfa, para depois reciclá-lo como papel para acender fogo. A melhor maneira de conseguir que um vogon lhe arranje um drinque é enfiar o dedo na garganta dele, e a melhor maneira de irritá-lo é alimentar a Terrível Besta Voraz de Traal com a avó dele. Jamais, em hipótese alguma, permita que um vogon leia poemas para você."

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sobre as magnificas e importantes 'TOALHAS'

O Guia do Mochileiro das Galáxias faz algumas afirmações a respeito das toalhas. Segundo ele, a toalha é um dos objetos mais úteis para um mochileiro interestelar. Em parte devido a seu valor prático: você pode usar a toalha como agasalho quando atravessar as frias luas de Beta de Jagla; pode deitar-se sobre ela nas reluzentes praias de areia marmórea de Santragino V, respirando os inebriantes vapores marítimos; você pode dormir debaixo dela sob as estrelas que brilham avermelhadas no mundo desértico de Kakrafoon; pode usá-la como vela para descer numa minijangada as águas lentas e pesadas
do rio Moth; pode umedecê-la e utilizá-la para lutar em um combate corpo a corpo; enrola la em torno da cabeça para proteger-se de emanações tóxicas ou para evitar o olhar da Terrível Besta Voraz de Traal (um animal estonteantemente burro, que acha que, se você não pode vê-lo, ele também não pode ver você _ estúpido feito uma anta, mas muito, muito voraz); você pode agitar a toalha em situações de emergência para pedir socorro; e naturalmente pode usá-la para enxugar-se com ela se ainda estiver razoavelmente limpa. Porém o mais importante é o imenso valor psicológico da toalha. Por algum motivo, quando um estrito (isto é, um não-mochileiro) descobre que um mochileiro tem uma toalha, ele automaticamente conclui que ele tem também escova de dentes, esponja, sabonete, lata de biscoitos, garrafinha de aguardente, bússola, mapa, barbante, repelente, capa de chuva, traje espacial, etc, etc. Além disso, o estrito terá prazer em emprestar ao mochileiro qualquer um desses objetos, ou muitos outros, que o mochileiro por acaso tenha "acidentalmente perdido". O que o estrito vai pensar é que, se um sujeito é capaz de rodar por toda a Galáxia, acampar, pedir carona, lutar contra terríveis obstáculos, dar a volta por cima e ainda assim saber onde está sua toalha, esse sujeito claramente merece respeito.



DIA 25 DE MAIO, DIA DA TOALHA!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Eis o que os livros galáctos dizem sobre o alcool

Eis o que diz a Enciclopédia Galáctica a respeito do álcool: é um líquido volátil e incolor formado pela fermentação dos açúcares. Acrescenta ainda que o álcool tem o efeito de inebriar certas formas de vida baseadas em carbono. O Guia do Mochileiro das Galáxias também menciona o álcool. Diz que o melhor drinque que existe é a Dinamite Pangaláctica. Afirma que o efeito de beber uma Dinamite Pangaláctica é como ter seu cérebro esmagado por uma fatia de limão colocada em volta de uma grande barra de ouro. O Guia do Mochileiro também lhe dirá quais os planetas em que se preparam as melhores Dinamites Pangalácticas, quanto irá custar uma dose e quais as ONGs existentes para ajudar você a se recuperar posteriormente. O Guia do Mochileiro ensina até mesmo como preparar a bebida por conta própria. Eis o que diz o livro: Pegue uma garrafa de Aguardente Janx. Misture-a com uma dose de água dos mares de Santragino V-ah, essa água dos mares de Santragino1., diz. Ah, os peixes de Santragino1. Deixe que três cubos de Megagim Arturiano sejam dissolvidos na mistura (se não foi congelado da maneira correta, perde-se a benzina). Deixe que quatro litros de gás dos pântanos de Falia borbulhem através da mistura em memória de todos aqueles mochileiros bem-aventurados que morreram de prazer nos pântanos de Falia. Faça flutuar, no verso de uma colher de prata, uma dose de extrato de Hipermenta Qualactina, plena da fragrânda inebriante das sombrias Zonas Qualactinas, sutil, doce e mística. Acrescente um dente de tigre solar algoliano. Veja-o dissolver-se, espalhando os fogos dos sóis algolianos no âmago do drinque. Jogue uma pitadinha de Zânfuor. Acrescente uma azeitona. Agora é só beber... mas... com muito cuidado...

sábado, 5 de setembro de 2009

Como é descrevido o guia!


O Guiado Mochileiro das Galáxias já substituiu a grande Enciclopédia Galáctica como repositóriopadrão de todo conhecimento e sabedoria, pois ainda que contenha muitas omissões e textos apócrifos, ou pelo menos terrivelmente incorretos, ele é superior à obra mais antiga e mais
prosaica em dois aspectos importantes. Em primeiro lugar, é ligeiramente mais barato; em segundo lugar, traz impressa na capa, em letras garrafais e amigáveis, a frase NÃO ENTRE EM PÂNICO. Um aparelho que parecia uma calculadora eletrônica das grandes. Este último possuía cerca de 100 pequenos botões planos e uma tela quadrada de dez centímetros, na qual podia ser exibida instantaneamente qualquer uma dentre um milhão de "páginas". Parecia um aparelho absurdamente complicado, e esse era um dos motivos pelos quais a capa plástica do dispositivo trazia a frase NÃO ENTRE EM PÂNICO em letras grandes e amigáveis. O outro motivo era o fato de que este aparelho era na verdade o mais extraordinário livro jamais publicado pelas grandes editoras da Ursa Menor. O Guia do Mochileiro das Galáxias. O livro era publicado sob a forma de um microcomponente eletrônico subméson porque, se fosse impresso de forma convencional, um mochileiro interestelar iria precisar de diversos prédios desconfortavelmente grandes para acomodar sua biblioteca."